sexta-feira, 9 de maio de 2008

Igreja Universal do Reino de Deus - Uma Visita

Ao se deparar com tamanha construção em pleno centro curitibano, a primeira impressão é certamente um breve vislumbre deslumbrado. Os traços arquitetônicos são inspirados (de acordo com um conhecimento obviamente parco) em linhas simples, mas a grandiosidade do “templo” faz com que pareça um monumento enorme, uma simples capelinha rural gigantesca e urbanizada. Além da impressão causada pela arquitetura do templo, a catedral possui estacionamento subterrâneo e isolamento acústico, para que o fervor dos cultos não incomodem os prédios vizinhos, fora esses detalhes, o espaço pode comportar cerca de 10.000 pessoas, sentadas e em pé. (a “Catedral da Fé Mundial” construída no Rio de Janeiro, capital, comporta 10.000 pessoas sentadas)


Alguns seguranças sempre estão a postos nas portas da “Catedral da Fé”, prontos para afastar curiosos mal intencionados ou, simplesmente para informar o que fazer, por onde entrar e como proceder.


No dia em que fizemos a visita poucas pessoas participaram do culto, mesmo assim, eram cerca de 40 os bravos e desempregados fiéis, prontos para erguer as mãos aos céus e implorar por ajuda às 10:00 da manhã (incrível como as entrevistas de empresa costumam ser na mesma hora). Os momentos de receber a tão esperada “glória de Deus” eram os mais fervorosos, quando os fiéis invocavam a coragem de seus intestinos sofredores e iam, segurando toda a esperança que lhes restava nos braços, com seus olhos cansados brilhando, em direção ao homem-de-deus que portava imponente, o objeto de desejo dos participantes.


E o tal homem-de-deus? Portador de todas as orações-chavão do planeta, empunhava seu microfone como um verdadeiro cruzado, a armadura cintilante Hugo Boss deixando-o mais confiante de que suas armas fariam, de fato, o efeito desejado. Apoiado por uma fiel horda de escudeiros e cavaleiros protetores, gritava e chacoalhava sua espada, esbravejava contra os infiéis que ousam difamar o santo nome da Igreja Universal do Reino de Deus e tirando mais poder de sua fé, falava como quem fala aos céus, que o dízimo é tão importante quanto a fé, alegando que quanto maior o dízimo, maior a fé.


Nessa altura até os bancos do templo sagrado pareciam manufaturados pelo mais competente artesão, cobertos pela mais fina seda, mas um olhar mais atento concluía que era feito de madeira mesmo.


O líder destemido, além do apoio de seu exército, possuía outras ferramentas inteligentes o bastante para alcançar o objetivo sagrado, um poderosíssimo equipamento de som. Nos sentimos em um grande e luxuoso cinema, dominados pela emoção proporcionada pelo encontro frenético com poderosas notas musicais, compostas na medida certa, para aumentar a emoção de tão delicada (e lúgubre) experiência.


Enfim... o fim. Saímos estasiados do “show”, certos de que nunca esqueceríamos aquele dia e certos também, de que não o repetiríamos jamais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Experiência interessante. Belo relato.

Mas tem certas experiências que podemos assimilar assim, pela vivência que o outro nos apresenta.
Este é um caso. Obrigada! Rsrs

Bjs