quinta-feira, 15 de maio de 2008

George Carlin

George Carlin é um comediante norte-americano a favor do ateísmo, tirando todas as generalizações e lugar-comum que ele utiliza, os vídeos são bastante engraçados, se ninguém levar a mal.


Isso não é uma crítica as religiões, é uma crítica aos religiosos que se encaixam nos perfis mencionados nos monólogos, com certeza existem muitos. A trancrição abaixo, especialmente a última parte ("(...) He loves you and he needs money") se adequa, infelizmente, a muitos perfis religiosos de nossa época, se adequa também, as histórias da História e as histórias do Futuro.


Transcrição de um dos vídeos para incitar:


"Religion has convinced people that there’s an invisible man…living in the sky, who watches everything you do every minute of every day. And the invisible man has a list of ten specific things he doesn’t want you to do. And if you do any of these things, he will send you to a special place, of burning and fire and smoke and torture and anguish for you to live forever, and suffer and burn and scream until the end of time. But he loves you. He loves you and he needs money"


Vídeos:

Religion is Bullshit
Defrag the 10 Commandments

terça-feira, 13 de maio de 2008

Marcha da Maconha?

Dilemas, dilemas e mais dilemas.
Inventaram agora a Marcha da Maconha, (chame do que quiser) como se não bastasse a inutilidade toda dos últimos episódios, épicos, da nossa grande mídia, agora temos uma marcha em prol da legalização da cannabis sativa com desculpas de uso medicinal, aparentemente baseadas em opiniões nada empíricas.


Nada empíricas porque de acordo com um estudo publicado na Archives of General Psychiatry em junho de 2000, realizado pelo Institute of Medicine, (que teve como autores o Dr. Stanley J. Watson, o Dr. John A. Benson e a Dra. Janet E. Joy) chegou a "conclusões nada conclusivas" sobre a antiga (ainda) lenda (http://www.infoescola.com/redacao/mito-ou-lenda/) do uso medicial da maconha. De acordo com o estudo, o uso medicinal da "erva maledita" está diretamente relacionado com a extração e desenvolvimento de substâncias puras e não ao consumo na forma de fumo. Portanto, nobres participantes da Marcha da Maconha, é melhor assumir as reais intensões ou fundar logo uma religião, do que se basear em argumentos lugar-comum como os que estão publicados em diversos lugares por aí.


Claro que, o estudo comprovou a eficiência da cannabis em algumas situações, (enfatizando novamente: a eficiência científica não está relacionada ao consumo na forma de fumo) mas nada de alarde: Existem diversas outras substâncias capazes de produzir os mesmos efeitos e de forma mais eficiente, e melhor, essas substâncias provavelmente não podem ser fumadas. Uma síntese do estudo pode ser lida em http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3677.


O intuito desse texto não é discriminar a planta, coitadinha, nem os usuários da mesma, mas expressar o descontentamento com a ignorância que se instala em um piscar de olhos. Basta um mal intencionado expor opiniões virtualmente embasadas para que uma corja siga suas palavras como se fosse um cânone. Isso não acontece só quando a "carapuça serve", acontece em casos muito mais delicados, quando a opinião pública deveria buscar argumentos e acaba seguindo o primeiro que é publicado, analisando somente um lado ou, como na maioria das vezes, nenhum lado da história. O Brasil inteiro passa por situações semelhantes o tempo todo, para citar o mais recente e óbvio, o caso Isabella. A maneira como o caso foi conduzido desde o princípio mostra com a mais brilhante evidência, como atrapalhar uma situação publicando-a de forma tendenciosa e sob uma chuva de palavras tocantes. Sem falar no sem-número de desocupados fingindo preocupação, alguma semelhança com a "Marcha da Erva"?

domingo, 11 de maio de 2008

A Coragem

Coragem não é ausência do medo, ou a simples habilidade de lidar com ele. Coragem é a presença de objetivos e direções, é algo que começa pequeno e indetectável, mas que é alimentado dia-a-dia e quando cresce, cresce forte e enraizado, até tornar-se parte inseparável do ser.


É sempre mais fácil dizer absurdos incompreensíveis sobre a coragem quando não se tem, ou quando se deseja te-la. É difícil admitir que tal qualidade não é tao humana quanto parece, e é mais difícil ainda admitir que a coragem brota somente em alguns, ela não é geral e não é "alcansavel", como todos gostariam que fosse.


A existência desse tão nobre sentimento, não se dá ao acaso, e talvez não seja tão bonita quanto nos heróis romanescos, a coragem é sempre invisível, até que se mostre necessária. Mas quando isso acontece, não existe câmera lenta e nem pensamentos, não existe ordem de acontecimentos, existe o caos e as atitudes impensadas, que de tão bem alimentadas, são intrínsecas no corajoso. São meros reflexos inconscientes, que de tão bem definidos, podem ser observados e classificados como complexos, pensados, mas não o são.


Pode existir o que chamam de coragem em situações momentâneas, que exigem uma espécie de decisão não planejada ou que não faça parte do tipo de decisão que determinado ser tomaria. Talvez nestas situações a coragem seja o domínio do medo, que é aplacado em benefício maior, a diferença entre esse tipo de situação e a coragem é que essas decisões são visivelmente pensadas e depois decididas, situações de coragem já começam decididas, não são pensadas em momento algum. Um homem que pula de um penhasco na água para se divertir, tomou uma decisão pensada e avaliada, uma mãe que tenta salvar o filho do afogamento, no mesmo penhasco, não pensaria ao pular e nem depois de pular.


A William Wallace Tribute.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Irmãos Karamazov - Fiódor Dostoiévski

Um trecho, mínimo, se tão notável obra, para se ter uma idéia, apenas...


“O principal é não mentir. Quem mente para si mesmo e dá ouvido a sua própria mentira chega a tal extremo que não consegue ver nenhuma verdade em si ou naqueles que o rodeiam e, por conseguinte, perde completamente o respeito por si e pelos outros. Depois, não tendo respeito a ninguém, perde o amor; tendo perdido o amor, procura divertir-se e acaba entregando-se as paixões e à mais baixa sensualidade; finalmente, chega por seus vícios à mais absoluta animalidade. Eis a que nos pode levar a mentira a nós próprios e a nossos semelhantes! Quem mente a si próprio pode ser o primeiro a ofender-se. Às vezes, é tão agradável uma pessoa se ofender não é verdade? O indivíduo sabe que ninguém o injuriou, que tudo não passa de simples invenção, que ele próprio mentiu e exagerou apenas para criar um quadro, para fazer de um grão uma montanha – sabe tudo e, no entanto, se ofende. Ofende-se a ponto de sentir prazer na ofensa e, desse modo, atinge o verdadeiro ódio... Levante-se; eu lhe peço. Queira sentar-se. Afinal, tudo isso são também gestos falsos..."



E não é que é? Levante a nobre mão, suja de gordura, aqueles que discordam do trecho acima. Levantem a mão, abram a torneira e lavem-se.

Igreja Universal do Reino de Deus - Uma Visita

Ao se deparar com tamanha construção em pleno centro curitibano, a primeira impressão é certamente um breve vislumbre deslumbrado. Os traços arquitetônicos são inspirados (de acordo com um conhecimento obviamente parco) em linhas simples, mas a grandiosidade do “templo” faz com que pareça um monumento enorme, uma simples capelinha rural gigantesca e urbanizada. Além da impressão causada pela arquitetura do templo, a catedral possui estacionamento subterrâneo e isolamento acústico, para que o fervor dos cultos não incomodem os prédios vizinhos, fora esses detalhes, o espaço pode comportar cerca de 10.000 pessoas, sentadas e em pé. (a “Catedral da Fé Mundial” construída no Rio de Janeiro, capital, comporta 10.000 pessoas sentadas)


Alguns seguranças sempre estão a postos nas portas da “Catedral da Fé”, prontos para afastar curiosos mal intencionados ou, simplesmente para informar o que fazer, por onde entrar e como proceder.


No dia em que fizemos a visita poucas pessoas participaram do culto, mesmo assim, eram cerca de 40 os bravos e desempregados fiéis, prontos para erguer as mãos aos céus e implorar por ajuda às 10:00 da manhã (incrível como as entrevistas de empresa costumam ser na mesma hora). Os momentos de receber a tão esperada “glória de Deus” eram os mais fervorosos, quando os fiéis invocavam a coragem de seus intestinos sofredores e iam, segurando toda a esperança que lhes restava nos braços, com seus olhos cansados brilhando, em direção ao homem-de-deus que portava imponente, o objeto de desejo dos participantes.


E o tal homem-de-deus? Portador de todas as orações-chavão do planeta, empunhava seu microfone como um verdadeiro cruzado, a armadura cintilante Hugo Boss deixando-o mais confiante de que suas armas fariam, de fato, o efeito desejado. Apoiado por uma fiel horda de escudeiros e cavaleiros protetores, gritava e chacoalhava sua espada, esbravejava contra os infiéis que ousam difamar o santo nome da Igreja Universal do Reino de Deus e tirando mais poder de sua fé, falava como quem fala aos céus, que o dízimo é tão importante quanto a fé, alegando que quanto maior o dízimo, maior a fé.


Nessa altura até os bancos do templo sagrado pareciam manufaturados pelo mais competente artesão, cobertos pela mais fina seda, mas um olhar mais atento concluía que era feito de madeira mesmo.


O líder destemido, além do apoio de seu exército, possuía outras ferramentas inteligentes o bastante para alcançar o objetivo sagrado, um poderosíssimo equipamento de som. Nos sentimos em um grande e luxuoso cinema, dominados pela emoção proporcionada pelo encontro frenético com poderosas notas musicais, compostas na medida certa, para aumentar a emoção de tão delicada (e lúgubre) experiência.


Enfim... o fim. Saímos estasiados do “show”, certos de que nunca esqueceríamos aquele dia e certos também, de que não o repetiríamos jamais.